Tratamento
Até hoje, o tratamento de cães é controverso em relação aos resultados e a recomendação das autoridades de saúde pública é a eutanásia dos animais positivos. No entanto, essas ações não têm diminuído a ocorrência da doença da forma esperada.
Um estudo realizado na Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba, da Universidade Estadual Paulista/Unesp, coordenado pela Professora Valéria Marçal Félix de Lima, avaliou a eficácia de um novo medicamento, o P-MAPA.
No experimento, cães positivos a doença receberam 15 doses do medicamento, em forma injetável. Eles demonstraram melhora dos sintomas da doença, além da diminuição do número de parasitos (ou carga parasitária) no organismo.O tratamento com o medicamento mostrou-se seguro para os cães. Esse medicamento age diretamente no sistema imune.(8) (Leia artigo completo AQUI e saiba mais AQUI e AQUI sobre tratamento de LV)
Diversas pesquisas no Mundo e no Brasil demonstram que o animal, tratado e controlado, não é infectante, não oferecendo risco à Saúde Pública.
A LVC é uma doença tratável, apresentando cura clínica (desaparecimento de sinais clínicos), mas, raramente, a cura parasitológica (o parasita permanece no organismo do animal/ser humano). Este fato não é preocupante nem incomum, já que em doenças causadas por protozoários – como são as:
Leishmanioses – a Doença de Chagas e a Toxoplasmose não existe a eliminação completa do parasita no cão ou no ser humano.
O homem e o cão podem viver normalmente, mas devem fazer acompanhamento periódico para que a doença não volte a se manifestar.
No Brasil, estudos demonstram que o tratamento de cães portadores do parasito com a vacina Leishmune® tem apresentado bons resultados. A vacina Leishmune® usada em dupla concentração associada à quimioterapia com alopurinol ou anfotericina b, reduziu os sinais clínicos e a evidencia do parasito, modulando a evolução da infecção e o potencial de infecciosidade para flebótomos.
A causa da morte na leishmaniose visceral humana e canina é a lesão renal ou do fígado, por isso a importância do acompanhamento pelo médico veterinário que fará exames periódicos no animal (a cada 3 – 4 meses).
O cão portador da LVC fará acompanhamento contínuo. Caso ele venha a apresentar exame sorológico negativo, o veterinário deverá avaliar se continuará ou não a medicação; porém o monitoramento através de exames deve ser feito a cada 6 – 12 meses como forma de evitar recidivas da doença.
De qualquer forma, TODOS os cães – infectados ou não – devem usar repelentes para evitar as picadas do mosquito-palha por toda vida.(11)
O custo médio do tratamento é de R$ 1 mil, variando de acordo com o peso do animal. Inclui sessões de quimioterapia, feita por meio de medicação venal aplicada através de soro, e medicação oral. Exige o comprometimento do proprietário em seguir as orientações veterinárias à risca, com realização de checape periódico e manutenção de alimentação específica com baixo teor de proteína.(5)
O período de encubação da Leishmaniose pode variar:- Em seres humanos de 10 dias a 24 meses, tendo como média de dois a quatro meses.
- Nos cães, pode ser de três a sete meses, havendo ocorrências da doença se manifestar anos após a infecção.Os testes sorológicos começam a detectar os anticorpos de cães contaminados entre um mês e meio e quatro meses após a infecção e, ainda assim, podem apresentar resultados negativos neste período de janela imunológica.
Sintomas
Nas pessoas:- febre constante
- perda de apetite
- palidez
- emagrecimento
- aumento do baço e do fígado.
- Nos casos hemorrágicos, ocorrem tosse seca, edema nos membros e faces, bronquites e os cílios ficam alongados.
Nos cães:- crescimento das unhas
- emagrecimento
- apatia
- olhos lacrimejantes
- queda de pelos
- descamação
- feridas da pele, especialmente no focinho, orelha, cauda, pata
- pode haver paralisia nas patas traseiras.
Prevenção
Existem várias formas de prevenção da Leishmaniose Visceral Canina:
1) Vacina: comercializada desde 2004 (nome comercial Leishmune ® )
Iniciar a vacinação em cães a partir dos 4 meses de idade, saudáveis e previamente testados
para Leishmaniose Visceral Canina.
O protocolo completo é de 3 (três) doses, com intervalo de 21 dias entre cada aplicação.
Revacinação Anual: A revacinação deve ser feita 1 (um) ano após a primeira dose – repetida
anualmente – bastando 1 (uma) dose de vacina para manter o animal imune.
Caso a revacinação não seja feita até o período indicado, o protocolo inicial de 3 (três) doses
deverá ser feito novamente.
Considerações importantes:
• A vacina é apenas para cães saudáveis e soronegativos para Leishmaniose Visceral
Canina.
• É obrigatório fazer exame sorológico antes da vacinação, para detectar os cães
previamente infectados.
• O cão só é considerado protegido 21 dias após a terceira dose de vacina. Até que se
cumpra esse período (63 dias após primeira dose) o animal poderá contrair a doença,
portanto outras medidas de prevenção (vide mais abaixo) devem ser adotadas até o esquema vacinal estar completo.
• A vacina contra Leishmaniose Visceral Canina promove entre 92% e 95% de proteção.
Assim, apenas uma minoria de cães não responderá à vacinação, caso siga o programa
vacinal completo. Cães de áreas com grande incidência da doença devem implementar
outras prevenções em conjunto.
2) SpotOn a base de imidacloprida e permetrina (nome comercial Advantage Max 3 ®)
O produto deve ser aplicado na nuca do cão, diretamente sobre a pele. A utilização a cada 4
semanas repele e mata o inseto por contato.
• Além do mosquito, protege contra pulgas e carrapatos.
• Pode ser usado a partir de 7 semanas de idade e em fêmeas prenhes.
• Em regiões endêmicas recomenda-se o uso a cada 3 semanas.
• Cães suspeitos ou enquanto aguardam resultado de exames devem usar o produto como
forma de prevenir a possível infecção ao mosquito e, consequentemente, aos outros animais.
3) Spray a base de permetrina (nome comercial Defendog ® )Protege os cães contra o mosquito por até 7 dias. Deve ser usado em animais a partir de 3 meses de idade. Ação imediata após a aplicação.
4) Pour-on a base de permetrina (nome comercial Pulvex Pour-on ®)
Repelente aplicado no dorso de cães a partir de 4 semanas de idade. Deve ser usado mensalmente, conforme recomendação do fabricante.
5) Coleira a base de deltametrina (nome Comercial Scalibor ®)
Pode ser usada por cães a partir de 3 meses de idade e protege por até 6 meses. Tem ação
repelente e inseticida.
Medidas adicionais de prevenção:
Os verdadeiros vilões da doença, que afeta tanto humanos quanto animais, não são os cães, mas sim, o mosquito-palha. De difícil combate, ele se reproduz em locais onde existe abundância de material orgânico, como folhas, frutos, fezes de animais, entulhos e lixo. Logo é fundamental:
- Limpe seu quintal. Recolha folhas, flores e frutos caídos, e as fezes dos animais; feche bem o seu lixo. Incentive todos os vizinhos a fazerem o mesmo.
- Mantenha o animal dentro de casa ao entardecer (entre 18:00 e 06:00 hrs).
- Não leve o cão para áreas endêmicas (cidades onde a doença já existe).
- instalação de telas com malha fina nas portas e janelas da casa e canil, evitando assim a entrada do mosquito
- Espalhe vasos de citronela pelo quintal *.
- Denuncie e combata o desmatamento de áreas verdes em seu município. Esse é um dos fatores que contribui para a proliferação dos mosquitos nas áreas urbanas.
- Exija que sua prefeitura execute o programa de controle do mosquito transmissor. Isso inclui recolhimento das folhas, controle da exposição de matéria orgânica (lixões, aterros sanitários, granjas e terrenos baldios) e
- Dedetização das casas.
- Realizar os exames para detectar se o animal está sadio ou infectado. Com a confirmação de que o animal está saudável, este deve receber a vacina preventiva, isso é de grande importância principalmente nas áreas onde a doença já é endêmica(12)
Repelentes Naturais
*Plantas com propriedades repelentes podem ser plantadas ao redor da casa, como é o caso da citronela e o neem. São medidas auxiliares no combate à doença, que não substituem produtos que comprovadamente repelem e matam o mosquito.
DICA de Prevenção do MÉDICO VETERINÁRIO DR. ANDRÉ LUIS S. DA FONSECA, uma das maiores autoridades em LV no Brasil
- Primeira coisa, todo cuidado em comprar animais e adquirir animais. Quando adquirir um animal, quando resgatar um animal de rua, fazer os exames principalmente nas áreas endêmicas.
- Fazer uso constante de repelentes ou da coleira, preferencialmente eu prefiro os repelentes líquidos à coleira, por causa de efetividades de aplicação. Fazer desinsetização do ambiente.
- As vacinas contra leishmânia existentes no mercado são um dos principais instrumentos de prevenção.
Trabalhos científicos tem corroborado a sua eficácia. Entretanto, o seu uso em toda a população teria eficácia ainda superior à que tem sido apresentado, por causa do chamado "efeito rebanho", que é imprescindível na eficácia vacinal contra qualquer doença. Ao ter-se uma cobertura vacinal acima de 89% o efeito protetor da vacina é potencializado pois aumenta-se a probabilidade de eliminar-se o microrganismo do ambiente.
O que deveria ser feito e não é feito, é o controle entomológico, o CCZ fazer levantamento das áreas onde tem a presença do mosquito periódico e fazer o combate ao mosquito, que é como se combate qualquer doença vetorial.
CASO ALGUÉM TENHA DÚVIDAS SOBRE LEISHMANIOSE, ENTRE EM CONTATO POR E-MAIL COM:
ATENÇÃO: Se for viajar com seu amigão, procure se informar sobre a situação da Leishmaniose na região. No caso de áreas endêmicas o melhor é evitar de levar seu animal. Caso decida leva-lo, faça uso da coleira com Deltametrina, e de preferencia vacine-o (mas lembre que é necessário antes fazer o exame sorológico). Peça orientação ao seu Veterinário de confiança.
Fontes pesquisadas:
(1)http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comunidade.do?evento=portlet&pIdPlc=ecpTaxonomiaMenuPortal&app=saude&lang=pt_BR&pg=5571&tax=41517
(2)http://www.jcnet.com.br/Geral/2014/01/saude-confirma-primeiro-caso-de-leishmaniose-visceral-de-2014.html
(3)http://www.nossamatilha.com.br/noticias-e-mercado/dog-news/florianopolissc-saude-publica-monitora-novos-casos-de-leishmaniose-visceral-em-caes-89598n.aspx