Em São Paulo, cerca de sete mil pessoas, segundo a Polícia Militar, tomaram a Avenida Paulista com cartazes, apitos e gritos pedindo justiça e fim aos atos de crueldade. “Nós não podemos ver as imagens, saber que esse tipo de coisa acontece e não fazer nada, cruzar os braços. Precisamos de um milhão e meio de assinaturas para que a Lei Lobo passe a valer e estamos mobilizando as pessoas em torno disso”, disse a modelo Giane Albertoni, que participou da manifestação.
O ator Marcelo Médici também deu apoio à causa. “Precisamos de leis mais rígidas. Quando acontecem casos como os que temos visto, cresce a sensação de revolta e impunidade. A cena do yorkshire sendo agredido foi uma das piores que eu já vi. Aquela mulher envergonhou nosso país, agora estamos mostrando nossa indignação e força”, afirmou.
Luisa Mel, apresentadora e notória defensora dos animais, chegou a se emocionar. “A revolta precisa ter rosto, por isso temos que sair às ruas e pedir justiça. Agora, é preciso que escutem a nossa voz”, pediu.
A passeata saiu da frente do MASP, fez a volta na Praça do Ciclista e voltou pela via oposta. Alguns levaram seus bichos de estimação a tiracolo, como o estudante Nicolas Hue, 15 anos. “Tenho dois cachorros e fico pensando como me sentiria se alguém fizesse uma maldade com eles. Então vim protestar”, afirmou. A mãe, Flávia, que incentivou o filho a participar, completou: “Tem que ter cidadania desde cedo. Precisamos de um país mais humano.”
A administradora de empresas Mariana Rocha, 31 anos, também quis dar o exemplo. “Temos presenciado absurdos. Trouxe minha filha para ela desde pequena ter consciência de que é preciso lutar pelo que acreditamos”, afirmou, com Maria Catarina, de apenas nove meses, nos braços. O garoto Cauan Collins, de 4 anos, mãos dadas com a mãe e já um tanto cansado da caminhada disse que se vestiu de super-herói “para salvar os animais".
Os manifestantes encontraram cada um sua própria forma de expressão. Os mais sérios vestiram roupas pretas, cobriram o rosto com capuz e exibiram fotos de animais machucados. Já os mais extrovertidos preferiram fantasias, maquiagem, máscaras e chapéus. O estudante Felipe Florenço usou uma máscara de porco para lembrar que a causa não contempla apenas cães e gatos, mas também animais usados para pesquisas em laboratórios.
Em meio ao protesto, os manifestantes ajoelharam e fizeram um momento de silêncio em respeito às vítimas. “As pessoas ficam mais sensíveis à questão e denunciam”, acredita Karen Cisne, empresária, dona de quatro gatos.
A professora Vilma Salim, indignada, percorreu todo o percurso com um balde na mão. “Para quem olha é só um balde, mas para mim é a representação de toda a revolta que está na minha alma”, afirmou.
A protetora dos animais, Anita Hagge chamou a atenção ao se vestir de jaleco branco manchado de vermelho, balde na cabeça e um cachorro de pelúcia sobre ele, em referência à enfermeira de Goiás que matou o yorkshire da família a chutes. “Precisamos alertar às pessoas: matar um animal é assassinato!”, protestou.
Entenda a história toda
O ano de 2011 foi marcado por casos de maus tratos a animais e chamaram a atenção da sociedade. Em novembro, o rottweiller Lobo morreu depois de ser arrastado preso a um carro por vários quarteirões, em Piracicaba, a 160 km da cidade de São Paulo. O cão virou símbolo da luta contra a crueldade e deu nome à petição pública que pede mudanças na legislação. Em dezembro, um yorkshire foi morto de tanto apanhar da dona, uma enfermeira. A agressão, filmada e postada no YouTube, gerou comoção e revolta.