LEISHMANIOSE VISCERAL- UM DOS MAIORES ESPECIALISTA DO MUNDO FALA DAS POLITICAS NACIONAIS DE COMBATE A DOENÇA
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LEISHMANIOSE VISCERAL- UM DOS MAIORES ESPECIALISTA DO MUNDO FALA DAS POLITICAS NACIONAIS DE COMBATE A DOENÇA


Luigi Gradoni, do Istituto Superiore di Sanità, Roma/Itália, principal organismo técnico-científico do serviço nacional de saúde desse país, consultor da OMS (Organização Mundial da Saúde) para Leishmaniose e Malária, explica por que o extermínio de cães é ineficaz como método de controle e erradicação da leishmaniose. Autor de inúmeros trabalhos sobre o tema e reconhecida autoridade no assunto, o trabalho de Gradoni é respeitado por técnicos e cientistas.

Confira a seguir entrevista exclusiva do especialista.

ARCA Brasil - Há 50 anos o Brasil gasta recursos preciosos, mata mi­lhares de cães e cada vez mais pessoas morrem devido à leishmaniose. Em sua opinião, qual o maior desafio que o Brasil enfrenta para combater a doença?

Luigi Gradoni - A questão é complexa e alguns pontos ainda são assunto de estudos científicos. É preciso separar em três questões:

1. Gastos públicos: Em minha opinião, é positivo o fato do sistema de saúde pública brasileira investir recursos para um acompanha­mento sorológico periódico da população canina em áreas endêmicas para a doença. Isto é importante do ponto de vista epidemiológico e também para avaliar a eficácia das medidas de controle instituídas.

1.2 Matar cães: Esta não é a abordagem no sul da Europa com os cães positivos para Leishmaniose. De acordo com a literatura cientifica, a eutanásia de cães soropositivos tem eficácia limitada no Brasil por duas razões principais: (a) o tempo significativo entre o teste e a remoção dos cães positivo , e (b) o fluxo constante de animais jovens e mais susceptíveis na população canina.

1.3 As pessoas ainda morrem de LV: em minha opinião, esta é uma grave deficiência do sistema público de saúde brasileiro, pelo qual os cães não são responsáveis, definiti­vamente! No sul da Europa, a cada ano cerca de 800-1000 casos de LV são diagnosticados em humanos. Com exce­ção de muito poucas mortes de pacientes adultos em situ­ações delicadas de saúde (AIDS, transplantados, estágios finais da cirrose hepática), os pacientes são curados com sucesso em 10-14 dias. Isso porque o sistema primário de cuidados à saúde, especialmente os médicos de família, estão bem informados sobre a doença, A LV é investigada em todos os indivíduos com mais de 10 dias de febre resis­tentes aos antibióticos. Qualquer caso de LV confirmado é então tratado prontamente com uma droga segura e eficaz (anfotericina B lipossomal).

ARCA Brasil - O Sr. declarou no Congresso WL 5, em maio, que um cão infectado, mas domiciliado e supervisionado por médico veterinário, não representa nenhum perigo à família, mesmo na presença de crianças e idosos. Em nosso país, porém, o Ministério da Saúde afir­ma o contrário. Qual sua impressão sobre a atual política brasileira centrada na eliminação dos cães?

Luigi Gradoni - Aos milhares de cães sacri­ficados a cada ano deve-se incluir um elevado número de “cães expostos”, que não são responsáveis de forma alguma pela transmissão de LV. “Cães expostos” foram definidos como aqueles que exibem reações sorológicas positivas (por exposição a picadas de mosquitos flebóto­mos infectadas), em que, no entanto, a infecção por para­sita não pode ser documentada, quer por microscópio ou técnicas moleculares. Provavelmente, estes cães são altamente resistentes à infecção e não representam um reservatório ativo. 

No que se refere ao perigo imediato de cães infectados aos membros da família, deve se ter em mente que Leishmania não pode ser transmitida por contato direto. Aca­riciar um cão doente não é um perigo. Contudo, os cães infectados mantidos sem qualquer medida de controle representam um reservatório para a infecção pelo flebótomo , e contribuem para o risco de infecção na área de alcance de voo desse vetor.

ARCA Brasil - Como consul­tor da OMS, qual sua sugestão para o grande desafio que é alinhar o avanço das pesquisas com políticas públicas modernas e realistas, onde o cão é, cada vez mais, um membro da família?

Luigi Gradoni – Após trabalhar com LV canina por mais de 30 anos, estou plenamente convencido de que animais são cada vez mais membros da família e matar todos os cães soropositivos para Leishmania é uma abordagem antiética e desnecessária. No entanto, para combater a política de eliminação, é necessário um grande esforço e uma abordagem sustentável de longo prazo. 

Por causa do grande número de cães afetados e dos recursos financeiros públicos limitados (da mesma forma que ocorre no sul da Europa!), a questão fundamental é a EDUCA­ÇÃO SANITÁRIA dos proprietários dos cães. É cientifica­mente comprovado que o apego ao animal de estimação e o conhecimento do risco de adquirir a doença estão significativamente associados com a vontade de adquirir, voluntariamente, ferramentas de prevenção à LV canina e, consequentemente, com a diminuição da prevalência da doença. (Am J Trop Med Hyg 87 (5), 2012, pp 822 - 831). 

Portanto, os proprietários devem estar conscientes da responsabilidade de cuidar de seus animais de estimação, a fim de prevenir e/ou curar a leishmaniose. A medida pre­ventiva inclui a vacinação combinada com o uso de insetici­das tópicos com eficácia comprovada contra flebotomíneos (colar / spot-on formulações). Inseticidas tópicos são ainda mais necessários quando os cães forem diagnosticados como tendo VL, de modo a evitar a propagação de parasi­tas para os seres humanos e para os cães saudáveis. No que diz respeito ao tratamento, o uso de drogas anti-leish­mania para tratar LV em humanos deve ser desencorajado, devido ao risco de desenvolver resistência à droga contra o parasita. 

É por isso que, como consultor da OMS, eu tenho considerado nas recomendações o uso de allopurinol, isoladamente, para o tratamento de cães infectado, já que não é utilizado em humanos. Tem sido demonstrado que o tratamento com allopurinol pode ser eficaz no controle da doença nos cães e na redução do potencial de infecção (Parasitas e Vetores 2011, 04:52).

Publicado na edição Nov/Dez 2013 da Revista Nosso Clínico




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