PEQUENOS TIRANOS
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PEQUENOS TIRANOS




Cães que enfrentam seus donos - Pequenos Tiranos
Por: Maíce Costa Carvalho, adestradora

Quando falamos de cães de raças pequenas e minis, é muito comum vermos filhotes e adultos tremendamente dominantes e agressivos.  Estes cães, em muitos casos, costumam atacar e morder seus donos à menor contrariedade. São verdadeiras feras em miniatura que tiranizam toda a família.

Este problema em cães de pequeno porte costuma ser até mais comum do que em cães de raças grandes, ou de consideradas perigosas. Normalmente, os filhotes de raças pequenas são extremamente mimados por seus donos, e têm toda a família paparicando-os. Pra começar, temos a tendência a tratar este filhote como um bebê, pois ele parece um bichinho de pelúcia. E, como este cão jamais ficará muito grande, ele se torna o eterno bebê da casa. Todo ato de indisciplina dele é visto como sem muita importância, ou sem maiores conseqüências – visto que é uma raça pequena, e que, portanto, não causará grande estrago ou problemas para ninguém; que com o tempo ele irá amadurecer e estes pequenos deslizes de indisciplina acabarão. E é aqui que mora o perigo!!!! Muito rapidamente este filhote percebe que sempre acaba conseguindo o que quer. Faz cara de coitadinho, e ninguém agüenta ser firme com ele e dizer NÃO. E é assim que ele aprende a mandar em todos.


 No mundo canino, quando um dos membros da matilha manda nos demais, ele é considerado líder da matilha. Desta forma, vemos este filhote crescer acostumado a se sentir o líder. O problema ocorre quando este filhote começa a virar adulto, espera que todos continuem “obedecendo” às suas vontades. Só que nessas alturas, ninguém mais tem a mesma paciência com o cão mimado, e começa a querer impor limites a ele. E é aqui que ele se vê no direito de mostrar claramente que ele, na condição de líder da matilha, deve ser respeitado e obedecido.

A questão da agressividade se desenvolve paralelamente a essa falta de limite e de disciplina do filhote. Não é raro que filhotes de raças pequenas sejam provocados a agir agressivamente, e quando eles reagem da forma esperada - rosnando e mostrando agressividade - provoca ótimas gargalhadas nos donos, que ainda dizem ingenuamente “olha como ele é bravinho!”. Tais atitudes sempre vêm do fato de se imaginar que não há mal algum em se incentivar a agressividade num cão tão pequeno porque (segundo esta linha de pensamento) ele jamais será um cão agressivo e perigoso, já que é um cão de companhia. O erro já começa aqui: a agressividade não é proporcional ao tamanho do cão. Podemos ter cães minúsculos furiosos, e cães enormes tranquilíssimos.

Ora, veja a mesma situação pela visão do cão: ele reage agressivamente, e desperta gargalhadas em seus donos.  Obviamente, este cão só poderá entender que esta agressividade agrada aos donos. Este cão, jamais saberá discernir que esta é uma situação de brincadeira. E se o cão aprende que a agressividade é bem vinda, ele fará uso dela quando achar necessário.

Como este dono nunca trabalhou sua liderança sobre o filhote, não está acostumado a mandar, nem a ser obedecido pelo cão.  Da mesma forma, ele também não tem muita coragem de mudar a forma com que lida com o filhote, pois não agüenta ser muito rígido com o bebê. Por outro lado, temos um cão que é dominante, não tem limites, acredita ser o líder da matilha, e sem a menor dificuldade em “disciplinar” seu dono.  Está pronto o cenário para que a tirania se instale.


A coisa toda é muito rápida, e, na maioria das vezes, pega os donos desprevenidos.  Isso porque, por terem o costume de tratar o cãozinho como um bebê, estes donos também esperam que as atitudes do cão sejam próprias de um bebê. Até que um dia, este cão, ao ser contrariado, rosna para o dono mostrando sua insatisfação. Há aqui uma mistura de sentimentos: logicamente a primeira reação é de surpresa e de indignação: “Como que o meu bebezinho rosna para mim??? Eu o trato com o maior amor, e que dou tudo para ele???” Como este dono acredita lidar com um bebê, ele não tem a menor idéia do que fazer frente a este lado agressivo do seu bebezinho que emerge; e, na maioria das vezes, ele cede às vontades do cão frente ao inesperado da cena, e desta forma ele ensina a este cão como obter o que quer.


 Da rosnada para à mordida é um pulo!  Vamos dizer que este cão esteja na hora de ser escovado, e que ele não goste de ser escovado. No momento em que o dono o pega no colo e ele percebe que a escova o espera, ele morde o dono, e este o solta.  Pronto!  Ele acabou de perceber que mordendo seu dono ele escapou do que ele não queria.  Dá pra adivinhar facilmente o que o cão irá fazer na próxima vez que este dono o pegar para escová-lo, ou dar banho, né?

Um grande problema que ocorre nestes casos vem da dificuldade dos donos em identificar a questão como um distúrbio de comportamento.  Na maioria das vezes este dono acredita que este comportamento agressivo é uma fase – como se fosse uma rebeldia adolescente – e que com o tempo passará.  Por conta disso, é muito comum que o dono só peça ajuda quando o cão já é adulto há algum tempo, e este comportamento agressivo já esteja instaurado na relação do cão com as pessoas da casa.  Neste momento é comum que todos tenham medo do cão, que morde qualquer um que não o obedecer.

Como brecar este tipo de comportamento ?



Esta situação está longe de ser irreversível.  E a solução sempre passa pela reestruturação da relação de liderança de forma que o dono possa inverter sua posição hierárquica com o cão, aprendendo a mandar e a ser líder, e ensinando o cão a obedecer.  Para isso, precisamos lidar com o cão como se deveria ter sido feito quando ele era filhote: estabelecer regras, incentivar e recompensar bons comportamentos, reprimir maus comportamentos.  Tudo isso, porém, só terá resultado se tais ensinamentos estiverem de acordo com a linguagem do mundo canino.  Não adianta tratar o filhote como se ele fosse um humano, pois ele não tem o mesmo tipo de compreensão que nós.  Ele tem um tipo de raciocínio e de aprendizagem completamente diferente do humano. Portanto, entender a lógica canina é meio caminho para se educar bem um cão, e se conseguir modificar um mau comportamento.  Portanto, a leitura da matéria “ENTENDENDO A LÓGICA CANINA” é essencial aqui.

Quando a situação é mais grave, é fundamental que se chame um profissional para que ele ajude a família a fazer esta mudança.Porém, com ou sem um profissional ajudando, o que é preciso ficar muito claro nesta estória toda, é que o problema só se resolverá com uma mudança real da forma de lidar com o cão.  Isso quer dizer que o cão não voltará a ser o bebê da casa.  Será uma nova relação, e não uma volta à estrutura de quando ele era filhote.  Pois foi esta maneira errada de lidar com ele que levou toda a situação ao caos.  O que é necessário para todos (humanos e caninos) é ter uma matilha organizada de acordo com os padrões caninos, com um líder a altura deste posto; e não um cãozinho mimado mandando em todos.

Boa Sorte

Maíce Costa Carvalho, adestradora



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Fonte :Dog´s Times (http://www.dogtimes.com.br/despota2.htm )
http://www.dogtimes.com.br/despota2.htm

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