JARARACA ILHOA
Animais

JARARACA ILHOA




Reino:
Animalia

Filo: Cordados
Sub-Filo:
Vertebrados

Super-Classe: Tetrápodo
Sub-Classe:
Diapsida

Classe:
Squamata

Sub-Ordem: Serpentes
Família:
Viperidae

Gênero:
Bothrops

Espécie:
Bothrops insularis

Nome Popular:
Jararaca-ilhoa, jararaca da ilha da queimada grande



Descrição
A jararaca-ilhoa pertence ao grupo jararaca e possivelmente pode ter se originado do isolamento de populações ancestrais semelhantes à Bothrops jararaca, por especiação alopátrica, que em virtude da elevação do nível do mar, separou parte do continente no período Quaternário.


À semelhança do que ocorre entre outros répteis, alguns espécimes de fêmeas de Bothrops continentais possuem o hemicliptóris, que é um órgão sexual com função ainda desconhecida. Na jararaca-ilhoa essa estrutura ocorre em grande parte das fêmeas, sendo que tal fato é explicado por fatores como a deriva genética e por cruzamentos constantes entre indivíduos com o mesmo patrimônio genético, ocasionado pelo isolamento da espécie.


Outra mudança morfológica da B. insularis é a coloração da ponta da cauda, que se apresenta escura, tanto nos adultos quanto nos jovens, ao contrário das espécies continentais, que nos indivíduos jovens têm coloração clara e lembra uma pequena lagarta quando movimentada, favorecendo uma estratégia para a captura de anfíbios e lagartos.


Uma das características biológicas próprias da jararaca-ilhoa é a especificidade em sua dieta a base de aves. Este hábito alimentar especializado pode ser responsável pelas características dos venenos, nitidamente distinto do veneno da jararaca-comum (Bothrops jararaca).


Status populacionais
A jararaca-ilhoa é considerada uma espécie ameaçada de extinção, na categoria “Criticamente Ameaçada”, nas Listas Oficiais de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado de São Paulo e na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN).


A B. insularis apresenta uma das maiores densidades populacionais de serpentes conhecidas no mundo, estimada entre 2 mil e 4 mil, ou seja, uma serpente a cada 100 m² da Ilha. Em expedições, facilmente são encontradas 60 serpentes de B. insularis por dia, ao contrário do que ocorre no continente, em que é possível encontrar até 3 serpentes de B. jararaca por dia.
A elevada densidade populacional não implica que esta espécie não esteja ameaçada de extinção, pois o declínio das populações já está ocorrendo por fatores naturais (alteração da proporção sexual) e pressão antrópica (tráfico ilegal).

Ameaça das populações
Um fator agravante, que estaria interferindo no tamanho da população de B. insularis, seria a alteração da proporção sexual. Nessa espécie, há ocorrência de machos, fêmeas e indivíduos intersexuados, além de ter sido registrado um exemplar hermafrodita. Comparando amostras de indivíduos de serpentes capturados num intervalo de 25 anos (1914/1920 – 1946/1953) concluiu-se, que naquele período, ocorreu redução do número de machos e aumento de intersexos, sendo que as fêmeas permaneceram com freqüência inalterada.

O exame de dezenas de espécimes nos últimos 10 anos (1994-2003), ou seja, mais de 40 anos depois da última amostragem (1946/1953), não foi detectado a existência de fêmeas verdadeiras, indicando que a alteração da proporção sexual também envolve as fêmeas verdadeiras, talvez extintas no presente.


Hábitos
Freqüentemente, a jararaca-ilhoa é encontrada enrodilhada em árvores e arbustos, caracterizando-a como serpente arborícola. Estas jararacas têm maior atividade durante o dia na alimentação de aves.

Em algumas espécies do continente, como é o caso de B. jararaca, os indivíduos jovens apresentam o hábito arborícola, tornando-se terrestres na fase adulta.


Alimentação
A dieta da jararaca-ilhoa é especialmente a base de pássaros migratórios na ilha, como o sabiá-una (Platycichla favipes), o tuque (Elaenia mesoleuca) e a colerinha (Sporophila caerulescens), onde a serpente lança seu bote e apreende a ave inoculando o veneno em mordidas pulsáveis, soltando-a somente quando esta estiver morta.

Esse comportamento é completamente diferente das outras jararacas, que se especializaram na dieta de roedores, com bote seguido de picada, onde o roedor é solto imediatamente para evitar uma mordida da própria presa e que pode ser fatal.


Reprodução
São serpentes ovovivíparas, com um período reprodutivo que tem início entre os meses de março e junho, com o nascimento dos filhotes em janeiro e fevereiro. Ao contrário da sua parenta mais próxima, a B. jararaca, que possui ninhadas de até 30 filhotes, em B. insularis ocorre apenas até 10 filhotes por ninhada e um elevado número de ovos atrésicos.

Essa diminuição da prole pode estar relacionada à baixa fecundidade das fêmeas intersexo (fêmeas com hemicliptóris) e ao fato de que após 40 anos de estudos ainda não ter sido detectada prenhez em fêmeas verdadeiras de B. insularis. Possivelmente, as B. insularis também apresentam partenogênese facultativa e ninhadas originadas dessa maneira parecem ser pouco numerosas.




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