CRIPTORQUIDISMO EM CÃES
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CRIPTORQUIDISMO EM CÃES



img:lookfordiagnosis.com

"O criptorquidismo é a anomalia mais comum em cães de raça pura, atingindo entre 1 a 11%  dos cães e podendo chegar a 14% em algumas raças. Traz consequências para a saúde  determinando infertilidade, risco de torção e aumentando o risco de neoplasias testiculares."

(Sirley V Velho www.skonbull.com)


por Dra. Camila Infantosi Vannucchi

Criptorquidismo (do grego: testículo escondido) é uma alteração reprodutiva de machos, caracterizada pela ausência do deslocamento de um ou de ambos os testículos da cavidade abdominal para o escroto
Criptorquidismo unilateral é o termo correto para se definir a ausência de um único testículo no escroto e criptorquidismo bilateral refere-se à ausência de ambos. O testículo pode estar retido no tecido subcutâneo da área pré-escrotal, no abdome ou na área do anel inguinal.

Nos cães, a formação do tubérculo urogenital no feto se dá ao redor de 24 dias de idade gestacional, a formação dos testículos com 29 dias e o início da fase de migração transabdominal aos 42 dias. A fase de migração inguino-escrotal se inicia ao redor de 4 a 5 dias após o nascimento.

Cães criptorquídicos possuem maiores chances de desenvolver cânceres testiculares se o testículo retido não for removido.Ou seja para esses casos o melhor tratamento é a castração. Só ela irá assegurar uma vida saudável para estes animais

 O processo de descida testicular deve completar-se até os seis meses de idade, quando, na maioria dos cães, o anel inguinal se fecha. Porém, os testículos podem ser palpáveis no interior do escroto em períodos que variam de 10 a 42 dias de idade.

Criptorquidismo é uma afecção causada por fatores genéticos mas tem componentes endócrinos e extrínsecos. Existe um envolvimento considerável de fatores genéticos em doenças relacionadas anomalias do cromossomo X, entre elas o aparecimento de criptorquidis-mo. Outros defeitos congênitos parecem estar associados ao criptorqui-dismo incluindo hérnia inguinal, displasia coxofemoral, luxação de patela e defeitos do pênis e prepúcio. Por conceito, o criptorquidismo é uma doença hereditária autossômica, ligada ao sexo. *Portanto, embora somente os machos manifestem os sintomas, as fêmeas podem ser portadoras do gene responsável. Acredita-se que a doença seja poligênica.



*Embora ocorra, obviamente, apenas em cães machos, a fêmea pode carregar o gene para o criptorquidismo.
Machos heterozigotos = normais para o criptorquidismo
Machos homozigotos = criptorquídicos
Fêmeas homozigotas e heterozigotas para o criptorquidismo serão sempre normais.
Fonte: http://www.blog.villechamonix.com

Existem vários sintomas associados ao criptorquidismo, variando de acordo com a idade e a localização do testículo, tais como: 
esterilidade
distúrbios de comportamento
aumento de sensibilidade local
dermatopatias
alterações neoplásicas dos testículos, entre outros.

Quando o criptorquidismo for bilateral o animal será estéril. Entretanto, nos casos de criptorquidismo unilateral o testículo em posição escrotal terá espermatogênese normal, sendo comum a oligospermia.

O cão criptorquídico pode apresentar modificações de comportamento como: hipersexualidade, excitabilidade, irritabilidade e tendência à agressividade. Ainda, as neoplasias em testículos ectópicos podem acentuar sobremaneira esta alteração comportamental, além da diminuição da fertilidade, do alto risco de torção do cordão espermático e todas as complicações clínicas e cirúrgicas pela presença do tumor.

Ultra-sonografia delimitando
um testículo ectópico
Foto: Dra. Silvia Edelweiss                       
 O exame ultra-sonográfico pode ser de grande valia, pois permite identificar o testículo ectópico bem como alterações morfológicas do mesmo. É preciso ressaltar que a conduta expectante até o sexto mês de idade do animal é recomendada, antes de se estabelecer o diagnóstico definitivo.
O diagnóstico deve ser feito através de inspeção visual e palpação cuidadosa do escroto. Entretanto, a gordura escrotal em excesso e os linfonodos inguinais podem ser confundidos com testículo ectópico. O testículo retido é menor em tamanho e peso (caso não haja neoplasia) em relação ao que está localizado no escroto.

O tratamento para o criptorquidismo pode ser medicamentoso ou cirúrgico. A escolha da melhor conduta a ser realizada depende da idade do animal e da sintomatologia envolvida. Por ser uma afecção comprovadamente hereditária, o tratamento medicamentoso único corresponde a uma conduta questionável do ponto de vista ético. Porém, para cães jovens (até 16 semanas) que apresentam a ectopia testicular de difícil acesso cirúrgico, pode-se optar por tratamento medicamentoso inicialmente, no sentido de promover a descida testicular artificialmente para em um segundo momento proceder-se a terapia cirúrgica.

O tratamento medicamentoso pode ser realizado com o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) ou drogas que tenham ação semelhante ao hormônio luteinizante, como por exemplo, a gonadotrofina coriônica humana. A terapia de escolha para o criptorquidismo é orquiectomia bilateral, por reduzir as chances do desenvolvimento de neoplasias testiculares e a possibilidade de transmissão genética do problema. Dentre as possibilidades de correção cirúrgica, pode-se realizar a orquiopexia ou reposição do testículo ectópico, entretanto essas são condutas que não interrompem a descendência genética da afecção, desta forma não recomendável.

O prognóstico para a vida do animal é excelente quando o tratamento é realizado de forma a evitar o comprometimento neoplásico do testículo ectópico. Em contrapartida, o prognóstico para a vida reprodutiva é ruim.

Conclusão
O criptorquidismo é uma afecção bastante comum na clínica de pequenos animais. Porém, o desafio maior em relação a este problema é o estabelecimento de formas de controle e propagação do defeito em famílias e populações de cães. O controle definitivo do criptorquidismo só é possível por meio de melhoramento e aconselhamento genético conscientes. Para este fim, conhecimento acerca das características do problema são fundamentais. Por exemplo, sabendo-se tratar de uma afecção hereditária, o tratamento cirúrgico definitivo é o de eleição. Ainda, por ser uma alteração autossômica, ligada ao sexo, a transmissão do defeito genético pode ocorrer tanto através do macho como da fêmea. Portanto, a matriz e o reprodutor dos quais o cruzamento resultou em filhotes criptorquídicos, devem ser afastados da reprodução.

Dra. Camila Infantosi Vannucchi
Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo (1996), mestrado em Reprodução Animal pela Universidade de São Paulo (2000) e doutorado em Reprodução Animal pela Universidade de São Paulo (2003). Atualmente é professor doutor da Universidade de São Paulo. Tem experiência
na área de Medicina Veterinária, com ênfase em Patologia da Reprodução e Obstetrícia Animal, atuando principalmente nos seguintes temas: neonatologia e biotecnologia da reprodução.
Fonte :http://www.greepet.vet.br/criptorquidismo.php
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DENISE DECHEN (http://dicaspeludas.blogspot.com.br/)




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