MEUS CÃES, MEUS AVÓS REENCARNADOS
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MEUS CÃES, MEUS AVÓS REENCARNADOS




MEUS CÃES, MEUS,AVÓS REENCARNADOS
Por Alessandro Martins

(Para Dona Rosa e Seu Purciano,
meus avós paternos)

Secretamente eu acredito que os meus cachorros são meus avós reencarnados.

Foi o que encontrei para explicar a euforia quando me vêem, só entendível na incontida alegria que não se expressa por palavras. E, como os cães conhecem tão poucas, só os vocábulos aleatóreos e espontâneos dos bocejos, pulam. Pulam doidamente, como se quisessem saltar ao colo ou me derrubar. E, quando eu parto, param no portão, inclinam a cabeça e me olham como não entendessem isso da partida.

Tico, vira-lata, tem um olho azul e o outro castanho, como se o primeiro não tivesse tido força suficiente para escurecer ou o segundo, virtude o bastante para ser tão belo.

Suzi, também vira-lata, tem o pêlo negro, tão negro que desaparece nas madrugadas. Tinha o dom de pular o muro, perseguir, ultrapassar e parar os carros na rua. Mas aposentou-se.

Tive de deixá-los com meus pais quando há alguns anos mudei-me para o apartamento. Eles são do tipo que gosta de correr. E nos quarenta metros quadrados em que vivo e considero ter tanto espaço, não há lugar para ofegantes carreiras. Minha nova casa está mais para ponto de chegada e partida.

Dizem que, quando se vai embora de um lugar, deixa-se um pouco de si nele e leva-se consigo algo dele. Tenho certeza então que tenho algo de Tico e Suzi em mim, talvez na maneira de segurar um livro ao ler ou de me portar quando como em excesso. E eles de mim. Provavelmente no modo como coçam as orelhas com a pata traseira.

Se eles forem mesmos meus avós, devem ficar chateados por não poderem me servir o café pela manhã antes de eu ir para a faculdade. Por outro lado, devem ficar satisfeitos de me ver tão bem, de barba feita e banho tomado, homem formado. Nunca mais vou comer aquele pão com omelete que um dia me deu dores no fígado, pelo excesso. Nunca mais provarei nem algo tão bom nem algo tão ruim, bom na medida exata da lembrança e ruim no sentido inexato do que não volta. Na frente da janela da cozinha tinha um pé de caqui, do qual comi apenas um fruto pois amarrava a boca.

Hoje caqui é minha fruta favorita. Suzi e Tico nunca comeram caqui, no entanto.

Um dia Suzi ficou doente. Pegou uma virose que ninguém entendia e podíamos ver através de seus pêlos e pele, os ossos desenhados no corpinho que não se levantava mais do chão. Minha mãe, com dó, pediu para meu pai mandar sacrificá-la. Naquela tarde comeu pela primeira vez em dias e, durante a semana, recuperou o viço. Ela estava a cara da morte.

Tico é hiperativo. Não sabe brincar sem ser intensamente, nem receber um afago sem brincar. Ofega e pendura a língua, corre, salta e derruba o vivente. Um dia deixei um sapato na escada e ele não permitia que ninguém chegasse perto para guardá-lo com seu par. Só quando voltei puderam tirá-lo do lugar. Quem tem um cão jamais estará descalço.

Neste fim de semana, vou novamente visitar meus pais. Novamente os dois vão se pendurar no portão, ganir e até chorar, como seu eu tivesse vindo do além, como se aquela fosse a última vez e vão me atrapalhar todo para abrir o cadeado. O amor dos cães é urgente, gratuito e seus corações são afobados.

Não existe coisa mais humana, infantil, adulta e doce que os sentimentos de um cão.

A grande verdade, porém, a grandecíssima e irrefutável verdade, é que meus avós não se pareciam em nada com Tico ou com Suzi. Nem na cara nem no jeito de andar. Não diria todas essas coisas nem para exaltá-los nem para ofendê-los.

Eu diria todas essas coisas porque sinto mesmo é saudade dos dois velhinhos.

Essa sim é a verdade. Uma saudade enorme, incorrigível, canina

Fonte:http://alessandromartins.me/meus-caes-meus-avos-reencarnados/ 

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DENISE DECHEN (http://dicaspeludas.blogspot.com.br/) 





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