COLAPSO DE TRAQUEIA
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COLAPSO DE TRAQUEIA



"O termo colapso de traqueia refere-se ao estreitamento do lúmen traqueal (parte interna), resultante da fraqueza dos anéis cartilaginosos, redundância da membrana traqueal dorsal ou ambos. A condição pode acometer a traqueia extratorácica, intratorácica ou ambas."

COLAPSO DE TRAQUEIA
(Por MV Maricy Alexandrino)

A traqueia normal é um tubo condutor flexível e semi rígido que une a laringe aos brônquios. 
Ela é constituída por 35 a 45 cartilagens em forma de C, intercaladas por um ligamento anular elástico, estes anéis cartilaginosos permanecem abertos durante todas as fases da respiração. A parte dorsal da traqueia livre de cartilagem, é composta de mucosa, tecido conjuntivo e músculo traqueal (membrana traqueal dorsal.

Assim como outros tecidos do organismo a traqueia possui um número limitado de maneiras para responder a uma agressão . A resposta imediata da mucosa traqueal a irritação de qualquer natureza é o aumento da secreção de muco. A resposta fisiológica a doença estenótica é o aumento da resistência da via aérea, que não pode ser compensada pela respiração oral e pela diminuição da complacência pulmonar. A obstrução crônica pode resultar em hipertensão pulmonar secundária e a insuficiência cardíaca direita (coração pulmonar) .


Predisposição

O colapso de traqueia é comum em cães de meia idade a idosos, principalmente de raças pequenas e miniaturas, embora também possa ocorrer em cães jovens e de grande porte.

Muitos cães de raças toys e miniaturas com tendência anatômica ao colapso de traqueia podem ficar assintomáticos por muito tempo, até que algum fator desencadeante ou doenças secundárias iniciem a síndrome clínica . Yorkshire Terrier é a raça mais comumente afetada, seguido por outras raças como o Poodle miniatura, Chihuahua e Pomerânia além do Shih Tzu e Lhasa Apso. Não há predileção sexual, e a idade mais comum para o aparecimento dos sinais é entre os 6-7 anos, mas aproximadamente 25% dos cães afetados iniciam sinais por volta dos 6 meses de idade .

Os fatores potenciais desencadeantes inclui obesidade, intubação endotraqueal recente, infecção respiratória, cardiomegalia, trauma cervical e inalação de alérgenos ou irritantes 1.

Sinais Clínicos

Em geral, inicialmente os cães predispostos são assintomáticas  e podem manifestar o primeiro episódio após alguma situação que exija mais da parte respiratória, como aumento do esforço respiratório, tosse ou inflamação das vias aéreas.

A manifestação clínica pode ser de forma aguda, mas progridem lentamente no decorrer de meses a anos. O principal sinal clínico é a tosse não produtiva, curta, alta e seca descrita como “grasnado de ganso” .

Os proprietários do paciente acometido, podem confundir essa tosse com engasgos ou ânsia. Nos casos mais sérios o cão pode apresentar cianose (mucosa arroxeada pela falta de oxigenação) e até desmaio.

Essa tosse crônica pode ser iniciada ou piorada por excitação, ansiedade, puxões na coleira ou exercícios, bem como pela palpação no pescoço (traqueia) .

Uma vez iniciado os sinais clínicos, a síndrome é perpetuada pelo ciclo de inflamação crônica da mucosa traqueal, o que precipita o aparecimento de tosse e que ao mesmo tempo piora a intensidade dela (tosse) .

Posteriormente, geralmente após anos de tosse cônica, pode ocorrer angústia respiratória provocada pela obstrução do fluxo de ar para as vias respiratórias.

Muitas vezes a traqueia colapsada se associa a doença cardíaca valvular mitral crônicae com frequência, deve ser diferenciada da insuficiência cardíaca provocada por esta condição. O colapso traqueal também pode ocorrer clinicamente junto com a bronquite crônica canina, sendo a traqueia intratorácica mais acometida nesses casos.

Ao exame físico geralmente o cão se apresenta normal, podendo ser magro a obeso. Dependendo do estado de ansiedade e da angústia respiratória no momento, a coloração da mucosa pode variar de normal a cianótica (arroxeada) .



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Causas

A causa do colapso traqueal é complexa, e o mais aceito é que seja uma síndrome com causas multifatoriais, sendo muitas delas ainda incomprendidas. O desenvolvimento da condição clínica aparentemente necessita da presença de anormalidade primária na cartilagem resultando em fraqueza do anel traqueal, bem como fatores secundários capazes de iniciar a progressão até o estado sintomático. Uma redução na quantidade de glicoproteína e glicosaminoglicano presentes nos anéis traqueais é considerado como um defeito primário responsável por fraqueza destes anéis. E quando associado a outras alterações patológicas na matriz, são responsáveis pela redução na capacidade da cartilagem em reter água diminuindo consequentemente sua rigidez funcional. Esta evidência sugere que estas anormalidades primárias sejam alterações congênitas .

Sugeriu-se uma relação entre colapso de traqueia e diversas condições, como tosse crônica causada por doença das vias aéreas e/ou parênquima pulmonar (infecção bacteriana, bronquite alérgica), doença cardíaca crônica com compressão de traqueia e brônquios traumatismo traqueal, desnervação da membrana traqueal dorsal, defeitos congênitos, obesidade, aumento de gordura mediastínica, massas torácicas e extratorácicas obstrução das vias aéreas superiores devido a prolongamento de palato mole, narinas estenóticas, paralisia de faringe e doenças sistêmicas como obesidade e hiperadrenocorticismo Acredita-se que estas condições provavelmente são problemas associados e não propriamente as causas iniciantes da doença.


Diagnóstico

A confirmação do diagnóstico requer a combinação de tosse persistente, resposta a palpação traqueal e demonstração de alterações intraluminal da traqueia preferencialmente via endoscopia. A disfunção dinâmica da traqueia pode ser demonstrada também através de outros exames como palpação, radiografia, ultrassonografia e traqueoscopia. As radiografias devem ser da região cervical e torácica, durante expiração e inspiração.

A história e exame físico também devem enfatizar a pesquisa de uma doença agravante ou exacerbadora.

Tratamento e Prevenção

O tratamento varia de acordo com o quadro, agudo ou crônico, e embora as medicações possam ser as mesmas a necessidade de tratar rápida e vigorosamente o estágio agudo é fundamental .

Os casos agudos devem ser tratados de forma emergencial, principalmente na presença de cianose, pode ser necessário fornecer oxigenioterapia até que o animal se acalme, além disso pode ser utilizado antitussígenos, broncodilatadores, calmantes/sedativos e/ou corticoides injetáveis .

O tratamento sintomático pode ser bem sucedido na maioria dos casos. Nebulização ou vaporização e manter o animal num local mais fresco ou com bolsas de gelo também podem conferir alívio adicional.

O uso de medicações no tratamento a longo prazo em domicílio, vai depender da intensidade e frequência das crises. Com relação a medicação pode ser usado desde supressores de tosse, broncodilatadores ou antinflamatórios, de acordo com a necessidade.

Muitos cães com colapso de traqueia são obesos, e o depósito de gordura intratorácica interfere na amplitude da respiração, pois dificulta a expansão normal da caixa toráxica. Por isso redução de peso em animais obesos é essencial, e algumas vezes apenas a perda de peso pode ser curativa no que se refere a remissão dos sintomas.

As coleiras cervicais devem ser substituídas pelos peitorais, deve-se evitar superaquecimento dos cães (como deixa-los no interior do carro), e excitação excessiva também deve ser evitada.

O tratamento cirúrgico deve ser considerado pros casos mais graves e irresponsáveis ao tratamento clínico.

Uma vez que somente o fato do defeito anatômico da traqueia não garantir o aparecimento dos sinais clínicos, todo esforço deve ser feito para identificar e corrigir causas secundárias.

Tratamento medicamentoso a longo prazo pode ter bons resultados para maioria dos pacientes, principalmente quando fatores contribuintes são identificados, tratados e/ou evitados.(Autora: Maricy Alexandrino – Médica Veterinária)

Referências Bibliográficas

1
. BONAGURA, J. D., TWEDT, D.C.; Kirk´s Current Veterinary Therapy XIV, USA: Elsevier, 2009

2. ETTINGER, S.J.; FEELDMAN, E.C.; Tratado de Medicina Interna Veterinária, 5º ed. Vol. 2, Rio de Janeiro: Guanabara, 2004.

3. NELSON, R.W.; COUTO, C.G.; Medicina Interna de Pequenos Animais, 4º ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010

ALEXANDRINO, Maricy. Colapso de traquéia em Cães. CliniPet Clínica Veterinária website. Disponível em http://clinipet.com/informativos/1-clinicageral/52-colapsotraqueia.html , 2011
Formatação: Dicas Peludas

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